segunda-feira, 8 de abril de 2013

Dizimar como um ato de Justiça

“Dizimar como um ato de Justiça” 

Texto: Mateus 3:13-17

Introdução: O texto nos demonstra um Jesus obediente e cumpridor de princípios bíblicos. É claro que Cristo sendo santo, perfeito e puro não havia necessidade de ser batizado, afinal de contas, o batismo em sua essência é um ato público de arrependimento de pecados. Sendo Jesus sem pecado (Hb 4:15), não havia tal necessidade. Mas ele foi circuncidado no Oitavo dia, como cumpridor da lei, e batizado aos trinta anos de idade, como cumpridor da nova aliança.

1- Todas as vezes que optamos pelo menos invés do mais, cometemos a injustiça.

O dizimo, como princípio bíblico do Antigo Testamento, tem causado muitos questionamentos nos nossos dias. Muitos teólogos, pastores e membros de igreja tem negligenciado esse princípio devido a percepções errôneas a cerca do seu sentido e propósito. Se por capricho religioso, teologia ou filosofia, conceito ou sofisma determinamos optar pelo menos invés do mais nas questões de generosidade e partilha, já cometemos a injustiça. Estamos indo em direção contrária a Cristo que disse que “melhor coisa é dar do que receber” Atos 20:35.

Em Mateus 5:43-44, Jesus nos demonstra essa elevação do patamar: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;”. A lei como referência nos ensina a amar quem amamos, a graça como novo padrão nos ensina a amar quem nos odeia.

Se podemos comprovar que a graça é essa nova entrega e compromisso com a vida, então todos os princípios devem ser elevados ao mesmo nível, inclusive o da generosidade. Portanto, dizimar não é mais um padrão a ser correspondido, mas uma referência ou ponto de partida a ser aumentado.

O maior problema disso tudo é pessoal. Não tenho um testemunho de alguém que decidiu negligenciar esse princípio em propósito de ir além dele em sua generosidade. Nunca tive um membro da minha igreja dizer que não acreditava mais em dizimar e que o dízimo era uma questão da lei, que tomou uma postura ou decisão de viver pela “graça” e elevar o seu patamar de generosidade. Todos que decidiram isso, transferiram o princípio para a ganancia e usaram do recurso para si mesmos.

2 – Jesus nos ensina que dizimar é fazer justiça.

Neste texto em Mateus 3:13-17, Jesus nos ensina uma nova forma , uma nova ótica de aproximação ao princípio do dízimo; Ele declara que cumprir o princípio é um ato de justiça.

Justiça é o exercício ou prática do que é de direito. Fazer justiça, biblicamente falando, é aplicar a lei.

O Apóstolo Paulo nos ensina algo muito importante em Gálatas 3:24 “A lei nos serviu de tutor (aio), para nos conduzir a Cristo”. O que ele está nos ensinando é que não há como abandonar a lei ou ignorá-la para termos uma experiência com a graça, pois a lei nos demonstra o pecado que nos afasta de Deus revelando a necessidade de reconciliação e salvação (2 Coríntios 5:17-21).

Isso, de fato, quer dizer que não temos nenhum mandamento bíblico pelo qual devemos ignorar ou viver como se a lei não existisse, mas vários mandamentos que nos ensinam a olhar para lei como um ponto de referência e revelação do que é pecar contra Deus e nos submeter pela graça a vivermos em liberdade visando uma total dependência em Jesus Cristo como mediador.

Pela necessidade dessa referência e ponto de partida, precisamos olhar para o dizimo como um ato de justiça pela ótica da lei usando a graça e a nova aliança como um filtro. Desejo analisar a lei como ponto de referência e projeção para elevarmos o patamar e encontrarmo-nos com a graça.

Os Dez Mandamentos (Êxodo 20)é a lente que vou usar para aplicar o princípio do dizimo sem o medo de encontrar-me com um espirito ganancioso, religioso e obrigatório; que me leva a um relacionamento religioso e com segunda intenções com Deus na área financeira. Vamos a análise:

1. Não terás outros deuses diante de vós.

Jesus disse em Mateus 6:24: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.”

- Não tem como andar com Deus e o dinheiro no mesmo nível de comprometimento e intensidade. Não temo como ser devoto, piedoso e sério com Deus e não se submeter a Ele na área financeira também. O dinheiro não é neutro. Ele tem um poder próprio de atração e fixação da atenção do ser humano. Exemplo: Se você deixar uma garrafa de água em cima do púlpito, provavelmente no próximo dia ela estará lá, mas se você deixar uma nota de dinheiro no mesmo lugar, ela chamará a atenção de todos no ambiente. Mesmo as pessoas com o coração mais puro, procurarão o dono ou responsável por aquela nota, ela não é neutra.

- Não há conciliação entre Deus e as riquezas, foi isso que Jesus quis dizer. O dinheiro se torna um Deus diante de nós quando damos mais atenção, tempo e valor a ele e menos as coisas de Deus.

2. Não te encurvarás diante deles e nem os servirás.

Fazemos qualquer coisa por dinheiro? A nossa sociedade é o reflexo dessa realidade. Quantos crimes e atos de corrupção imagináveis tem chacoalhado a nossa sociedade em nossas dias? Tudo por amor ao dinheiro, tudo por ganancia e poder.

Se encurvar diante do dinheiro é colocar as nossas prioridades, principalmente com Deus e na família, em segundo plano.

Exemplo: Você falta um culto de Domingo e não sai com a sua família para passear por causa de uma simples dor de cabeça, mas jamais faltou um dia de trabalho pela mesma razão.

Se encurvar é renunciar seus princípios pelo beneficio da remuneração e recompensa monetária.

3. Não tomarás o nome do Senhor em vão.

Tomar o nome do Senhor em vão em relação ao cumprimento do princípio do dizimo é fazer pouco caso ou negligenciar os mandamentos de Deus em sua palavra.

Não temos um versículo ou mandamento neo Testamentário condenando o dizimo ou mandando que não pratiquemos esse princípio. O Apóstolo Paulo teve uma grande oportunidade de fazer isso em Colossenses 2:16-17 quando disse: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” Paulo, poderia ter acabado com toda critica e argumento teológico dos nossos dias quanto a questão do dizimo aqui, pois até sobre guardar o Sábado ele nos ensinou, mas não o fez.

Outra coisa é que temos a confirmação de Jesus a cerca do princípio em Mateus 23:23. Quando não obedecemos esses mandamentos e princípios levamos em vão o nome do Senhor, pois negamos a sua palavra e a obediência a ela.

4. Lembrarás do Sábado, para se Santificar.

Jesus disse em Marcos 2:27-28 que Ele é Senhor do Sábado e o que o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado. Usando essa lógica é nítido afirmar que o dizimo também foi feito para o homem e não o homem para o dizimo.

O dizimo é um ato de responsabilidade de Deus para conosco, confiando que nós não comeríamos tudo aquilo que ele colocaria em nossas mãos, mas usaríamos do princípio do amor e da partilha para providenciar recursos não somente para sua obra na Terra, a igreja, mas também uns para com os outros.

Nos santificar é olhar para o próximo e vendo a sua necessidade, ser a figura de Cristo em sua vida, usando dos recursos que o próprio Deus nos deu para dar descanso e provisão a ele.

5. Honra teu pai e tua mãe, para que vivas longos dias na terra.

Vejo Deus como meu pai e honrar a Ele é obedece-lo. Se vamos negociar seus princípios por opinião ou capricho teológico, estaremos desonrando Ele e jamais desejo viver ou ser dessa maneira.

Outra coisa é querer deixar um legado na área financeira para as gerações futuras seguirem também. Quando eu entrego meu dizimo eu estou mostrando e ensinando aos meus filhos quem é Senhor na minha vida e a quem devo tudo que tenho. Quero deixar esse exemplo para que futuramente eles possam viver em total consagração a Deus em suas vidas.

6. Não Matarás.

O que se faz por dinheiro hoje em dia esta estampado nas capas de jornais e notícias de todo o mundo. Sabemos o que o amor ao dinheiro é capaz de fazer.

O dizimo diz para o dinheiro quem é seu dono e que ele é somente um acessório na minha vida. Ele jamais terá o poder de me influenciar a renunciar meus valores e princípios e desonrar o nome do meu Deus. Dizimar é dizer quem é Senhor e de qual é a fonte de todos os recursos na sua vida.

7. Não Adulterarás.

Será que não entregar todas as áreas das nossas vidas a Deus, pode ser considerado um ato de traição? Você aceitaria um relacionamento com alguém que prometesse uma entrega de somente 90%? Jesus já nos ensinou que não há conciliação entre servir a Deus e as riquezas e não entregar meu dízimo significa assumir o controle de uma área na minha sem a submissão a Deus, isso para mim seria uma traição e um ato de falta de confiança.

8. Não furtarás.

Em Malaquias 3:10, o profeta tem um diálogo com o povo de Deus em um tempo de calmaria e estabilidade na nação. Eles ficaram tão tranquilos e seguros que negligenciaram os princípios de Deus ao ponto de serem chamados de ladrões de Deus.

Acredito que estamos vivendo nesse tempo onde o relativismo assumiu tal proporção na nossa sociedade que valores como a família e outros tem perdido sua importância e relevância. A área financeira também tem experimentado essa depreciação e o povo de Deus hoje também tem se esquecido disso.

Se Jesus veio cumprir a lei e não aboli-la (Mateus 5:17-18), devemos olhar para Cristo como exemplo e também não permitir que a possiblidade de roubarmos a Deus exista.

A nossa ganancia e avareza são fatores internos que roubam uma vida de consagração e piedade com Deus e nos levam a cometer esse crime.

Precisamos admitir que se a Bíblia diz que existe a possibilidade de roubarmos a Deus, essa possibilidade ainda existe hoje e a nossa ganância e a falta de responsabilidade com as coisas de Deus é o maior fator para que nos submetamos a essa realidade.

9. Não darás falso testemunho contra teu próximo.

Quando eu testemunho do amor de Deus, mas não tenho compromisso com seus princípios e mandamentos, não estou de fato sendo hipócrita e dando falso testemunho?

Quando tenho a capacidade de dizer: “Jesus te ama”, mas não me comprometo com Ele em todas as áreas da minha vida, será que estou sendo real e coerente com aquilo que creio?

A departamentalização da vida cristã nos nossos dias é um mal terrível que se alastra pela igreja. Colocamos a piedade, os bons costumes e o bom testemunho em gavetas pelo qual só abrimos em momentos de necessidade. Precisamos voltar a uma vida e missão integral com Cristo.

10. Não cobiçarás a casa, a mulher, o escravo, bens e coisa alguma do teu próximo.

Quando o dinheiro assume um lugar de prioridade na nossa vida, ele não vem sozinho, mas traz consigo alguns maus que penetram em nosso ser transformando-nos em pessoas altamente invejosas e competitivas malignamente.

O mau da comparação nos aflige e vivemos a partir do estilo de vida do outro, não reconhecendo a Deus em nossos caminhos e dos consumindo pela a inveja e a cobiça. Quando isso acontece, já estamos contaminados, dominados e escravizados pelo dinheiro e já não servimos mais a Deus.

O dizimo é a chance de dizer não a isso. O dizimo diz que não sou dono de mim mesmo, e o que tenho até hoje, foi Deus que me deu. Dizimar é ter contentamento e gratidão, isto é ter satisfação no que é e prazer no que se possuí, sem expectativas absurdas do amanhã. Dizimar é ter Deus.

Conclusão: Dizimar não é um princípio do Velho Testamento e nem um novo patamar no Novo Testamento em sua essência, e sim um reconhecer de Deus em tudo que somos e temos. Dizimar é dizer não a ganancia, a cobiça e a auto-suficiência.

Dizimar não é ter mérito, é reconhecer a fonte da graça abundante e interminável dádiva de pertencer a família de Deus e compartilhar do que temos recebido.

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